Reportagem: Vitória Freire
Imagine uma mulher que já passou por grandes fases de amadurecimento, com diversas vivências e, de repente… o descobrimento de uma gravidez!
Nesta semana, a atriz e bailarina Cláudia Raia divulgou estar grávida, nas redes sociais, aos 55 anos. O assunto repercutiu e levantou o debate sobre a gravidez após os 40 anos.
Em notícias sobre os assuntos na internet, usuários se sentiram incomodados com o fato de a artista estar gerando, com essa idade, uma criança.
Os comentários a seguir ilustram o que é falado em texto pelos internautas. (Ouça)
Mas, afinal, por que o anúncio de uma gravidez, aos 55 anos, gera estranhamentos ou simplesmente surpreende as pessoas?
De acordo com os mais recentes dados divulgados pelo departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil, o DataSUS, as mulheres de 40 a 59 anos que tiveram filhos correspondem a 3,6% do total de mães em 2020.
Em comparação às mulheres de 20 a 39 anos, este número é bem menor, visto que no caso das mães dessa faixa-etária, o índice equivale a 82%. No Amazonas, apenas 2,6% das mulheres que foram mães em 2020 possuíam mais de 40 anos e menos de 59.
No entanto, apesar de mães de mais de 40 anos ainda serem minoria em relação as que estão abaixo dessa idade, de 2014 a 2020, o crescimento do número de mulheres acima de 40 anos que completaram suas gestações é de 33%. No Amazonas, a média chega a 26%.
A ginecologista e obstetra Patrícia Brito avalia que o aumento se dá a partir de novas configurações sociais, considerado um fenômeno em consultórios. Além disso, a especialista aponta possíveis riscos que podem existir em um gravidez nesse contexto. (Ouça)
Patrícia também ressalta que idades cronológicas não devem definir a capacidade de uma mulher de gerar e criar um filho.
A odontóloga Patrícia Coelho está entre as mulheres que se tornaram mães depois dos 40 anos. Ela já tinha dois filhos adolescentes, gerados em torno dos 20 anos de idade, quando deu à luz a pequena Valentine, que hoje possui 6 anos.
Patrícia comenta a respeito das duas experiências de conceber filhos em dois momentos relativamente diferentes na trajetória de uma pessoa. (Ouça)
Na atualidade, existem tratamentos diversos que facilitam o processo de gravidez em uma faixa-etária avançada. Um exemplo é o congelamento de óvulos.
Segundo a Associação Brasileira de Reprodução assistida, o procedimento é indicado para mulheres que desejam prorrogar a maternidade ou que necessitam de tratamentos em decorrência de problemas de saúde, como procedimentos cirúrgicos, radioterapia ou quimioterapia.
O método preserva e insere os óvulos captados em nitrogênio líquido, onde são congelados e armazenados em uma temperatura de 196ºC, evitando a degeneração.
Pacientes que estão passando por tratamento oncológico podem ter cobertura gratuita do congelamento pelo SUS.