O cardeal da Amazônia e presidente do Conselho Missionário Indigenista (Cimi), dom Leonardo Steiner, afirmou que o uso de câmeras corporais em agentes de segurança poderia ter evitado excessos e até mortes no Amazonas.
Ele cita como exemplo o que ocorreu com indígenas e riberinhos durante operação da Polícia Militar no rio Abacaxis, localizado nos municípios de Nova Olinda do Norte e Borba em 2020.
A declaração foi feita à BandNews Difusora FM na sexta-feira (27).
Conforme o cardeal, que também é arcebispo de Manaus, o Cimi acompanha o processo na Justiça Federal para que os reús sejam efetivamente punidos e também que os povos originários sejam preservados.
No mês passado, a Justiça Federal no Amazonas aceitou denúncias do Ministério Público Federal (MPF) e tornou reús políciais militares por possível participação nos homicídios. Anteriormente, a Polícia Federal ao concluir a investigação indiciou o mesmo suspeitos.
Entre os réus estão o secretário de segurança pública e o comandante da PM na época dos fatos. Os reús são denunciados por homicídio qualificado, fraude processual e tortura.
Nos batalhões da Polícia Militar de São Paulo, que incorporaram o uso das câmeras corporais, houve redução de 76,2% na letalidade dos policiais militares em serviço entre 2019 e 2022, conforme levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com a Unicef.
No caso do Amazonas, conforme o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as mortes por intervenção policial da PM do Amazonas tiveram uma queda de 44% em 2023. Em 2022, foram 93 mortes, ante 52 no ano passado. Desde 2020, o Amazonas mantinha o patamar de 90 mortes por intervenção da polícia militar.
Os dados consideram apenas as mortes por policiais em serviço. A partir de 2019, as mortes por intervenção policial saltaram de 36 em 2018 para 86 no ano seguinte. Um crescimento de 139%.
Por Jefferson Ramos.