Reportagem: Cindy Lopes
Mais de 1.500 quilômetros de ramais foram abertos na área de influência da BR-319 nos últimos cinco anos, quase o dobro do tamanho da rodovia.
A expansão desses ramais que ligam comunidades e propriedades à BR contribuiu diretamente para o aumento de queimadas e desmatamento na região. É o que mostra uma nota técnica do Observatório BR-319. Os números correspondem aos municípios de Canutama, Humaitá, Manicoré e Tapauá, no sul do Amazonas.
Segundo a pesquisadora e coordenadora do estudo, Paula Guarido, a abertura de ramais entre 2016 e 2021 gera preocupação. (Ouça)
Ainda conforme o estudo, o avanço do processo de licenciamento das obras no Trecho do Meio da BR-319 e a expectativa pela finalização destas intervenções aumentou a especulação fundiária na região e intensificou atividades relacionadas à grilagem de terras, como a abertura de ramais e desmatamento em florestas públicas.
O ambientalista Carlos Durigan destaca que é preciso haver um mecanismo de controle maior para conter os danos. (Ouça)
De acordo com a nota técnica, um fator que gera grande preocupação é que, somente em 2021, 55% dos ramais mapeados nos 4 municípios, estavam dentro de Florestas Públicas Não Destinadas (FPND).
O resultado do estudo aponta que, se nada for feito para conter a expansão de atividades ilegais na região da BR-319, essa dinâmica de ocupação pode se espalhar ao longo de toda a rodovia, conectando o Arco do Desmatamento à região mais conservada da Amazônia brasileira, principalmente diante das ações de repavimentação do Trecho do Meio da rodovia.