A nomeação do novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) já está na mesa do presidente Lula. O nome escolhido será o do professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Henrique Pereira.
A informação é do repórter de política da Bandnews Difusora FM, Ricardo Chaves.
O professor, que já aparecia como grande favorito ao cargo, deverá ter o nome oficializado em breve por Lula. O documento da nomeação já está na mesa do presidente.
Henrique Pereira é doutor em Ecologia pela Universidade da Pensilvânia (EUA), professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Assessor Especial de Relações Internacionais da universidade.
O mandato do Inpa terá duração de quatro anos. Assim como ocorreu em 2018, quando a bióloga Antônia Maria Franco Pereira assumiu o instituto, Henrique Pereira também deverá escolher sua equipe de trabalho, que inclui desde diretor (a) substituto (a) a coordenadores.
A pesquisadora Sonia Alfaia, deverá ser a diretora substituta, uma espécie de vice. Ela é servidora de carreira do Inpa há mais de 34 anos.
A demora da nomeação de um novo diretor é acompanhado com expectativa por cientistas. O impasse completa em outubro 10 meses, já que o mandato da atual direção terminou em dezembro do ano passado.
Desde o início do ano há disputas nos bastidores entre aliados do PT por indicações políticas em alguns órgãos. Além disso, o processo de busca para um novo diretor dividiu cientistas e pesquisadores do país.
Quatro cientistas colocaram o nome à disposição do Comitê de Busca. O comitê foi coordenado pelo professor da Ufam Eron Bezerra e teve a participação de cientistas de todo o país.
No fim de agosto, o comitê encaminhou a lista tríplice para a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
Eron Bezerra explicou na época que a escolha para a direção do Inpa observava critérios e tinham etapas onde eram definidas pontuações.
Durante o processo, um grupo de cientistas chegou a entrar com recurso contra a candidatura do professor Henrique Pereira, elegendo “má conduta científica”.
O grupo afirmou que o pesquisador agiu contra a integridade científica e que seus estudos serviram de base para tomadas de decisões equivocadas de governos, o que, segundo eles, ocasionou a quebra precoce do isolamento no Amazonas e contribuiu para a catastrófica segunda onda de Covid-19 e no surgimento da variante gama.
Os pesquisadores, liderados pelo cientista Lucas Ferrante, publicaram um artigo científico em um periódico internacional demonstrando equívocos nos estudos do professor.
A comunidade científica reagiu a essa iniciativa. Uma nota assinada por 95 cientistas repudiou o que chamou de “atos difamatórios e caluniosos que visam manchar” a reputação do professor.
Na nota, os cientistas defenderem Henrique Pereira e disseram que seus estudos ajudaram a entender melhor a tragédia que aconteceu em Manaus.
A nota foi assinada por três ex-diretores do Inpa e cientistas como Paulo Artaxo; professor da USP, Ennio Candotti; diretor do Musa, Marilene Corrêa; ex-reitora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) também se manifestou em defesa de Henrique Pereira ao que chamou de “campanha difamatória” e “uso político”.
Além de Henrique Pereira se inscreveram no processo: Bruce Rider Forsberg (pesquisador aposentado do Inpa), Carlos Cleomir de Souza Pinheiro (pesquisador do Inpa) e Marina Anciães (pesquisadora do Inpa).
Da redação