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Massacre do Rio Abacaxis completa um ano. Especialistas, entidades e seminários relembram o conflito

por Clara Toledo Serafini

Confrontos no Rio Abacaxis completa um ano

O início do mês de agosto de 2020 foi marcado pelo confronto promovido por militares às margens do Rio Abacaxis, que envolveu as comunidades tradicionais (a população ribeirinha) e indígenas, entre os municípios de Nova Olinda do Norte e Borba, no interior do Amazonas.

A operação policial foi considerada um massacre por integrantes da comissão do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Ministério Público Federal (MPF) e outras entidades.

Os confrontos resultaram no assassinato de pelo menos oito pessoas. Um indígena, um casal de ribeirinhos, um adolescente e dois policiais militares estão entre as vítimas.

Dois corpos ainda não foram identificados e, segundo a Polícia Federal, que investiga denúncias de tortura e abusos policiais, há pelo menos cinco pessoas desaparecidas na região.

Para o especialista em segurança, Mauro Spósito, as comunidades estavam expostas a um cenário crescente de violações aos direitos humanos, seja de traficantes, invasores, garimpeiros e da própria Polícia Militar. O apoio de forças federais ajudou na proteção dos moradores durante o conflito.

“É uma região enorme, praticamente abandonada e com poucos policiais à disposição. Acho que a presença da polícia realmente iniba a situação de conflito da região e da violência”, disse o especialista.

A operação teve início na região no dia 3 de agosto de 2020, depois que o secretário executivo de Estado, Saulo Moysés Rezende Costa, foi atingido por um disparo no dia 24 de julho, no Rio Abacaxis. Segundo a SSP, o objetivo da operação era cobater o tráfico de drogas na região.

As agressões começaram depois da morte dos policiais, no dia 3.

Ribeirinhos e povos indígenas denunciaram ao MPF que os agentes estavam sem farda e não se identificaram durante parte da ação. Denunciaram também que lideranças foram torturadas, ocorreram invasões de domicílio, apreensão de celulares usados para registrar os supostos abusos, e uso desproporcional de armas de fogo para intimidar os moradores.

Como relembra o procurador do MPF, Fernando Soave:

“Uma vez que há denúncias em andamento sobre as violações que teriam sido cometidas por essas forças, é de bom tom, não só a Justiça determinar, como também o Governo do estado do Amazonas, determinar a suspensão da operação da Polícia Militar na região”, afirmou o procurador.

Por meio de nota, a SSP informou que a Corregedoria-Geral do Sistema de Segurança acompanhou a operação e instaurou procedimentos criminais para apurar as denúncias, ouvindo familiares de pessoas que morreram e supostas vítimas de tortura.

A SSP informou que em todos os casos foram abertos inquéritos policiais e que nenhuma hipótese é descartada, mas há suspeitas de que os crimes foram praticados pelo bando criminoso local.

As investigações ainda estão em curso.

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Reportagem: Guilherme Guedes
Foto: Reprodução/Internet

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