Mais de duas mil famílias temem ser obrigadas a sair da comunidade indígena Nova Vida, localizada no bairro Nova Cidade, na Zona Norte de Manaus.
A comunidade pode sofrer uma remoção forçada a partir de outubro deste ano, quando encerra o prazo da suspensão temporária de despejos e desocupações estabelecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) durante a pandemia de covid-19.
Em visita da Defensoria Pública do Amazonas ao local, realizada nessa terça-feira (2), o defensor do Núcleo de Moradia, Thiago Rosas, afirmou que as principais demandas das famílias foram levantadas. (Ouça)
Conforme a Associação Multi Etnia Cultural Nova Vida, a área é ocupada desde 2018, não só por famílias indígenas de diversas etnias, mas também por brancos e imigrantes, e era conhecida como um cemitério indígena.
Em 2020, a Justiça Federal determinou a desocupação e reintegração de posse do local.
O pedido foi ajuizado pelo Ministério Público Federal (MPF), após o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Amazonas (Iphan) alegar que a área é de um sítio arqueológico.
Hoje, a comunidade está consolidada, com comércio vivo, igrejas e ruas definidas, mas sem asfaltamento.
O defensor do Núcleo do Consumidor, Christiano Pinheiro, destacou que a população da área sofre com a pobreza e precisa de acesso à programas sociais. (Ouça)
Outra dificuldade relatada pelos moradores é o acesso à saúde básica, pois a comunidade não possui uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e as mais próximas nem sempre atendem à demanda da população.
Segundo a Defensoria Pública do Amazonas, as reuniões com os órgãos das esferas municipal, estadual e federal ocorrerão ao longo de agosto.