Reportagem: Eros de Sousa
O aquecimento das águas dos oceanos Pacífico e Atlântico pode fazer a Amazônia registrar seca histórica.
Segundo pesquisadores, o evento se deve a fenômenos que ocorrem simultaneamente a região: O El niño e o aquecimento do Atlântico Tropical Norte, logo acima da linha do Equador, que inibe a formação de nuvens e reduz o volume de chuvas na Amazônia.
Os especialistas são do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), e do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden).
Os dois fenômenos só ocorreram juntos duas vezes neste século: em 2010 e 2005.
No ano de 2010, a região registrou a seca mais intensa em 120 anos na bacia do Rio Negro.
O meteorologista Renato Senna, responsável pelo monitoramento da bacia amazônica no Inpa, afirma que os dois fenômenos vão prolongar a seca na Amazônia. (Ouça)
No Amazonas, até o momento, mais de 90% dos municípios já foram atingidos pela seca, segundo informou a defesa civil do estado.
A simultaneidade dos eventos também causa preocupação com o aumento das queimadas na região.
Segundo o pesquisador da Cemaden, João Reis, a diminuição da precipitação e as altas temperaturas causadas pelos fenômenos tornam a floresta mais vulnerável. (Ouça)
Com a água do oceano mais quente, as correntes carregam o ar aquecido para a atmosfera, que segue até a Amazônia.
Os dois fenômenos nos oceanos Pacífico e Atlântico inibem a formação de nuvens e consequentemente das chuvas, agravando e prolongando a seca.
Segundo a nota técnica do Cemaden, o Oceano Pacífico Norte e o Atlântico Tropical estão apresentando temperaturas entre 2 e 4 graus célsius acima da média.