Reportagem: Mauricio Max.
Cada vez mais próxima da realidade dos amazônidas, a moda também se transforma para se difundir à cultura, costumes e originalidade da região.
A maior floresta do mundo possui uma diversidade de conceitos, que se multiplicam a cada segmento.
No ramo do empreendedorismo não é diferente. Ainda mais quando se trata de moda. As tradicionais quatro estações no restante do país se reduzem a apenas duas na Amazônia: verão e inverno.
Apesar de mais chuvas no inverno na região, ainda assim as temperaturas normalmente ultrapassam os 30 graus.
Esse comportamento climático faz toda a diferença na vida dos amazônidas que precisam consumir roupas mais leves e versáteis, sem deixar de lado o estilo e, principalmente, a identidade.
O design de moda, Sioduhi, é um grande exemplo de originalidade e identificação. Indígena, nascido no na comunidade Mariuá, às margens do rio Uaupés, na região do Alto Rio Negro, Sioduhi lançou a própria marca inspirada com base na sua vivência em 2020.(Ouça)
Sioduhi acumula grandes feitos como ter participado da 7ª edição do Brasil Eco Fashion Week no ano passado, ao apresentar a coleção da marca inspirada na ancestralidade das mulheres indígenas do Alto Rio Negro. Além disso, Sioduhi também busca unir as pauta feminista e LGBTI+ à origem de suas peças.
A narrativa sustentável da marca de Sioduhi está na coloração das roupas com uso do resíduo da casca da mandioca. A técnica pesquisada pelo estilista foi nomeada de “Maniocolor”. A produção é realizada exclusivamente no sistema agrícola do Alto Rio Negro, que importa o material para o empreendimento.
De acordo com o estilista, a criação das peças na Amazônia é uma busca constante pelo conhecimento.(Ouça)
Praia e rio. Dois elementos muito presentes na Amazônia, mas não tão valorizados ou, às vezes, pouco enxergados por quem vive em outras regiões do país.
É o que pensa a empresária Letícia Scantbelruy, fundadora da loja Praia de Rio, segmento de roupas de banho voltado ao protesto pela visibilidade das belezas do Amazonas.
Letícia é da família de costureiras e pensou na ideia de protagonismo com a originalidade da região a partir do nome do seu empreendimento.(Ouça)
A loja Praia de Rio tem quatro anos, mas foi a partir de uma frase direta e curta que houve um “boom” na venda dos produtos do empreendimento.
Letícia relata que a originalidade da marca de usar elementos da região, como propagandas em praias e locais típicos da realidade amazônica, tiveram retornos preconceituosos.(Ouça)
A repercussão foi quase que imediata e não se limitou a apenas mães e mulheres, mas a outros segmentos também.
Além disso, a loja Praia de Rio comercializa acessórios com os dizeres que exaltam a cultura nortista, como o Festival de Parintins, com a frase “Parintins, o BR que deu certo” ou a frase “Antes da Coroa Existia o Cocar”, que estampam camisas, bonés e ecobags.(Ouça)
Segundo Jane Moura, consultora do setor de Bioeconomia do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), as narrativas de segmentos que unam a sustentabilidade e o desenvolvimento são fundamentais para a tendência do empreendedorismo no país. (Ouça)
Atualmente, são mais de 300 empresas ativas no Amazonas no setor de reparação de vestiário, moda, e artigos de viagem ou serviços de apoio à indústria da moda. Os dados são do Sebrae.
Esta reportagem teve a revisão de Rafael Campos e a sonorização de Juarez Sicsu.
Este material contou com as obras musicais dos seguintes artistas:
Casa de Caba – Hiato
Kaê Guajajara – Território Ancestral
República Popular – Amazônida –
Bel Martine – ¡ M I R A
Victor Xamã – Calor
Raízes Caboclas – Olhando o Brasil da Beira do Rio