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“Invisíveis da Saúde”: em busca de valorização, enfermeiros enfrentam sequelas físicas e psicológicas após piores fases da pandemia

"Invisíveis da Saúde": Em busca de valorização, enfermeiros enfrentam sequelas físicas e psicológicas após piores fases da pandemia

Há mais de uma década, a técnica em enfermagem Silvana de Souza, de 45 anos, trabalha no Hospital Platão Araújo, uma das maiores unidades de Manaus. Ela é uma das milhares de profissionais de saúde que estão há mais de dois anos na linha de frente contra a Covid-19.

"Invisíveis da Saúde": Em busca de valorização, enfermeiros enfrentam sequelas físicas e psicológicas após piores fases da pandemia
Foto: Agência Brasília

No Amazonas, mais de 3.000 enfermeiros foram afastados por sequelas da doença. Silvana também entrou nessa estatística.

A técnica em enfermagem equilibra suas dores crônicas com o desafio diário de levar comida para sua casa, pagar o aluguel e sustentar a família: (ouça)

A competência de profissionais de saúde em todo o país, durante as três ondas da pandemia foi muito aplaudida. Mas o prestígio não escancara a realidade vivida por enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem.

Esgotados de forma física e emocional, eles vivem em uma linha tênue entre o dever de garantir a assistência e o luto pela perda de amigos e colegas de profissão.

Convivendo com sequelas da covid-19, Silvana perdeu as contas de quanto já gastou com tratamento hospitalar: (ouça)

A história da enfermeira Silvana de Souza retrata a realidade de muitos profissionais que enfrentam sequelas da doença.

Cerca de 3,5 mil atendimentos a profissionais de saúde foram realizados durante todo o ano de 2021, em uma iniciativa vinculada ao Programa Ações que Resgatam, criado pela Associação Sustentabilidade, Empreendedorismo e Gestão em Saúde do Amazonas.

A ação, que em primeiro momento iria ser temporária, deve se tornar o programa permanente devido ao aumento expressivo de atendimentos.

Ansiedade, depressão, dificuldade para respirar e sobrecarga mental de trabalho são alguns dos sintomas e problemas que mais impactam esses trabalhadores.

Em Manaus, uma das capitais mais atingidas do país durante a pandemia, o Conselho Regional de Enfermagem (Coren-AM) contabilizou 175 enfermeiros afastados na última onda de casos da Covid-19.

Desde o início da pandemia 83 profissionais morreram após contrair o vírus.

Para o presidente da entidade, Sandro André, os dados revelam o grau de impacto da pandemia: (ouça)

Em fevereiro, uma pesquisa realizada pela Fiocruz que trata sobre as condições de trabalho e saúde mental mostrou que mais de 80% dos profissionais de saúde vivem em situação de estresse psicológico e esgotamento mental.

Além disso, 50,9% admitiram excesso de trabalho.

A presidente do Sindicato dos trabalhadores da saúde privada atuantes em estabelecimentos públicos e particulares do Amazonas (Sindpriv/AM), Graciete Mouzinho, avalia que a categoria convive com o medo: (ouça)

As condições salariais nem sempre adequadas também impactam no dia a dia desses profissionais.

O presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Amazonas (Coren-AM), avalia que a baixa remuneração também é uma das principais causas que impactam a saúde física e mental dos trabalhadores: (ouça)

No Amazonas, mais de 55 mil enfermeiros aguardam a aprovação de Projeto de Lei que institui um piso salarial para a categoria.

Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Confen), são mais de 2 milhões e 600 mil trabalhadores ativos no Brasil.

No final de novembro do ano passado, a proposta foi aprovada por unanimidade no Senado.

Para o próximo dia 08 de março, enfermeiros do Amazonas participam de uma mobilização nacional para protestar contra a demora na aprovação do piso salarial.

Reportagem: Ricardo Chaves

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