No Amazonas, o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, apresenta um número baixo de inscrições comparado a outras edições da prova.
O estado teve o menor número de inscritos em 13 anos. Em 2021, foram registradas 107 mil inscrições, menor número registrado desde o ano de 2008, quando o estado contabilizou pouco mais de 70.600 inscrições – de acordo com dados do Inep.
Para confirmar a inscrição, era necessário pagar uma taxa de R$ 85, valor que sofre um aumento desde 2015, que até então era de R$ 35.
De acordo com o sociólogo e colunista da BandNews Difusora, Marcelo Seráfico, a taxa de inscrição foi um dos fatores que dificultaram maior adesão da população:
“Para muitos estudantes, a taxa é muito alta, considerando o fato de que o desemprego e portanto, a vida desses estudantes, seja por conta deles ou de seus pais estarem sem renda, pagar uma taxa desse valor pode significar sacrificar uma alimentação”, disse o sociólogo.
A isenção dessa taxa podia ser solicitada por alunos de escolas públicas ou de baixa renda.
No entanto, quem ganhou isenção no ano anterior mas faltou à prova não teve direito de obter a gratuidade novamente.
A regra já estava em vigor nos anos anteriores, mas por causa do ano de pandemia, a Defensoria Pública abriu ação na Justiça contra o governo, pedindo que a isenção fosse mantida.
O estudante Rui Yugui, se formou recentemente no ensino médio e afirma que o alta valor da taxa pesou na decisão de não se inscrever no Enem desse ano:
“Eu gostaria muito de tentar novamente neste ano, só que a taxa complicou um pouco. Nem todo mundo consegue emprego logo que se forma e a questão da taxa de isenção que não foi disponibilizada para muitos alunos, mesmo com o ano de pandemia em que muito gente faltou por conta do vírus”, afirmou o estudante.
A queda nas inscrições no Amazonas acompanhou dados nacionais do Enem.
O Inep informou que o número de inscritos neste ano está por volta de 3 milhões, o menor desde 2005.
O Enem é um dos principais meios de entrada no ensino superior.
O professor Luiz Antônio conta que, na escola onde leciona, a falta de recursos dos estudantes acaba dificultando as inscrições no Enem.
“De um total de 15 estudantes que tinham interesse em fazer o Enem, apenas três fizeram a inscrição, porque o restante não teve acesso a internet. Acesso esse que o governo se recusa a garantir para a população de estudantes. Esses poucos só conseguiram acessar porque os professores compartilharam os dados celulares”, disse o professor.
No Amazonas, 3 mil pessoas se inscreveram para fazer a prova digital. Enquanto, 104.816 pessoas se inscreveram para fazer a prova impressa.
O Enem está marcado para ocorrer nos dias 21 e 28 de novembro.
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Reportagem: João Felipe Serrão
Fotos: Agência Brasil