Entre janeiro e maio de 2021, a capital amazonense registrou um aumento significativo nas denúncias de violência contra crianças e adolescentes. Mais de 1.600 chamados foram feitos, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM). O número representa um aumento de 77% em relação ao mesmo período do ano anterior, que teve 900 denúncias.
Segundo conselheiro tutelar Daniel Serrão, a pandemia foi um fator que contribuiu para a elevação:
“[A pandemia] foi primordial para esse aumento assustador em 2021 para os chamados de violências contra as crianças e adolescentes. O isolamento social expõe adolescente e crianças a situações de vulnerabilidades, essas podem ser a impaciência do mundo adulto, o agravamento de violências já existentes e o aumento de exposição ao ‘mundo virtual’ “.
Daniel ainda destaca que, mesmo com o número alto de denúncias, a situação ainda pode ser pior:
“Existe uma subnotificação dos casos, uma vez que o isolamento social priva as crianças e adolescentes do contato com a escola, com serviços de saúde, vizinhos, familiares e amigos; ou seja, acaba por reduzir esse percepção da violência” completa o conselheiro tutelar.
Os relatos mais frequentes são abandono de incapaz, agressão, estupro de vulnerável e cárcere privado.
Sinais de violência
A psicóloga Iolete Ribeiro destaca que é preciso prestar atenção aos sinais da criança ou adolescente, que pode estar exposto à um ambiente de violência:
“Quando convivemos com crianças e adolescentes e já sabemos como eles reagem, como lidam com outras crianças, adolescentes e mesmo com adultos. Portanto, quando observamos uma mudança de postura, isso pode ser sinal de algum problema ou alguma dificuldade que eles estão vivenciando”
Iolete também lembra que a vítima menor de idade pode sofrer com as consequências dos abusos:
“A violência pode comprometer o desenvolvimento da criança e do adolescente em várias áreas, desde a saúde física – muitas vezes a violência deixa marcas no corpo – como também a saúde emocional, em função das pessoas precisarem de um ambiente acolhedor e seguro para o desenvolvimento da nossa personalidade”, declarou a psicóloga. Além disso, Iolete afirmou que a capacidade de interação com outras pessoas também é afetada, por consequência desses abusos.
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a proteção desse grupo contra qualquer tipo de violência, seja física, psicológica ou sexual.
A criação do estatuto proibiu a prática de castigos físicos, tratamento degradante e maus-tratos contra crianças e adolescentes.
O Conselho Tutelar deve ser acionado sempre que houver qualquer tipo de violação ou ameaça aos direitos da criança e do adolescente. As denúncias podem ser feitas através do disque 100 e também pelo disque-denúncia municipal, no número 0800-092-1407 ou na unidade do Conselho Tutelar mais próxima.
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Reportagem: João Felipe Serrão
Foto: Pexels