Por Vitória Freire
A estiagem na Amazônia tem consequências que vão além da crise hídrica; ela impacta profundamente a saúde mental das comunidades ribeirinhas e indígenas. A escassez de água, alimentos e medicamentos é apenas uma parte do problema, uma vez que o fenômeno tem gerado grande impacto na saúde mental daqueles que dependem dos rios para sobreviver.
Em 2024, durante a maior seca da história na Amazônia, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), que oferece o auxílio psicológico, realizou 229 atendimentos, por meio de teleatendimentos. Esse número já supera o de 2023, quando foram feitos 193 atendimentos, e está quase no mesmo patamar do total registrado durante toda a pandemia de covid-19, entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021, quando a FAS realizou 238 atendimentos.
Os relatos indicam que, além do impacto econômico da seca – com a queda de renda e o isolamento das comunidades – houve um aumento nos casos de depressão, transtorno de estresse pós-traumático, fobia social e conflitos familiares. Em um cenário já desafiador, o fechamento das escolas e a escassez de recursos essenciais tornaram muitas famílias ainda mais vulneráveis.
Cristina Maranghello, psicóloga que coordena os atendimentos da FAS, explica que a seca trouxe uma intensificação das preocupações:
Mickela Souza Costa, gerente do Programa Saúde na Floresta da FAS, lembra que a oferta de telepsicoterapia tem sido fundamental para enfrentar essa crise:
Em um cenário onde a prática de atividades físicas também foi reduzida devido ao forte calor, o apoio emocional se tornou ainda mais essencial para a saúde mental dessas comunidades.
A seca no Amazonas em 2024 atingiu mais de 747 mil pessoas, o que supera o número de atingidos em 2023.
Durante o lançamento do Comitê Permanente de Enfrentamento a Eventos Climáticos e Ambientais realizado em 27 de janeiro, o governador do Amazonas, Wilson Lima, declarou que as expectativas da gestão estadual são de que a seca seja leve ou moderada, não chegando ao nível dos últimos anos.