Reportagem: Bianca Gloria.
Os pais nos primeiros dias de vida dos filhos, querem estar presentes para fortalecerem os laços afetivos.
Mais de 80% deles gostariam de ver a licença-paternidade ampliada, segundo a pesquisa Radar da Parentalidade, realizada pela consultoria Filhos no Currículo e pelo Talenses Group, em parceria com o Movimento Mulher 360.
Atualmente, a legislação brasileira prevê apenas cinco dias de licença paternidade em caso de nascimento de filho, adoção ou guarda compartilhada.
O Paulo Ordones é funcionário público e virou pai recentemente do Olavo de 2 meses. Ele acredita que o tempo de cinco dias não é suficiente para criar vínculos e nem estabelecer uma rotina familiar.(Ouça)
Paulo afirma que 120 dias não é o ideal ainda, mas já ajudaria muito, principalmente na recuperação da mãe e no desenvolvimento do vínculo e cuidados com o filho.
De acordo com a pesquisa, 34% dos pais entrevistados desejam uma licença-paternidade de mais de 21 dias, enquanto 26% preferem um período de 120 dias ou mais, semelhante à licença-maternidade.
Apenas 11% estão satisfeitos com os atuais cinco dias, e entre as mulheres, essa aprovação é quase inexistente, com apenas 1% concordando com o período atual.
Segundo a Ana Ferreira, gerente de recursos humanos, a importância de ter um período de licença iguais é permitir que ambos se envolvam no cuidado dos filhos, não delegando apenas à mãe.(Ouça)
A discussão sobre a ampliação da licença-paternidade ganhou nova força com o PL 6216/2023, que visa aumentar a duração da licença.
Em dezembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal estabeleceu um prazo de 18 meses para que o Congresso Nacional delibere sobre o tema.
O advogado Allan Magalhães, afirma que o projeto reflete a evolução dos papéis desempenhados pelos pais na sociedade.(Ouça)
Segundo Magalhães, os prazos de duração da licença paternidade ainda estão em debate, e o ponto de maior de divergência devem ser por causa dos custos à previdência.
Estudos mostram que a licença-paternidade estendida não apenas melhora a vida familiar dos funcionários, mas também tem um efeito positivo na satisfação no trabalho e no bem-estar geral.
Pesquisa da McKinsey indica que 90% dos pais que tiraram a licença relataram uma melhora no relacionamento com suas parceiras e uma maior motivação no retorno ao trabalho.