Reportagem: Jefferson Ramos
A área de exploração da mineradora Taboca vendida por R$ 2 bilhões pela empresa peruana Minsur S.A à estatal asiática China Nonferrous Trade fica próxima a Terra Indígena Waimiri Atroari.
A mina do Pitinga fica na região da hidrelétrica de Balbina, em Presidente Figueiredo, e tem 15 barragens de rejeitos, segundo a Agência Nacional de Mineração.
Em 2021, um vazamento de rejeito da Taboca atingiu rios dentro da Terra Indígena usados para a pesca e alimentação da comunidade indígena.
Na época, a contaminação foi constatada por indígenas e relatórios da Fundação Nacional dos Povos Indígenas, FUNAI. Os relatórios evidenciaram alteração da qualidade da água dos rios Tiaraju e Alalaú, usada para consumo e higiene pessoal.
Naquele ano, o Ministério Público Federal no Amazonas recomendou a suspensão imediata do depósito de resíduos ou lançamentos de qualquer substância em barragens da mineradora.
O advogado da Associação Comunidade Waimiri Atroari, Harlison Araújo, explica à BandNews Difusora FM que os estudos de qualidade da água ainda são realizados por parte da Taboca e a comunidade indígena:
Ainda segundo Harlison, um termo de cooperação técnica foi firmado com a mineradora para que ela preste apoio alimentar à comunidade enquanto o laudo final sobre a poluição dos rios não é divulgado:
Das 15 barragens acompanhadas pela ANM, sete apresentam alto dano potencial associado – que é a probabilidade de um dano ocorrer ao empreendimento. A barragem 111, denominada Índio, é a que está mais próxima do nível total do reservatório.
O volume licenciado do projeto é de 1.153.662 metros cúbicos. Os sedimentos estão com 92% da capacidade.
A barragem 111 começou a ser operada em março de 1988 e foi construída com terra homogênea, ou seja, com um único tipo de material.
A área de exploração da mineradora é território Waimiri-Atroari, mas por pressão da Taboca e outras empresas, a localidade foi excluída em 1980 do processo de demarcação.
A reserva tem estoque estimado para durar 100 anos e opera com a capacidade de produção de 17,9 mil toneladas anuais de minério.
Além de estanho, a mina produz nióbio, tântalo e matérias-primas usadas na fabricação de eletrônicos.