Por Vitória Freire
Manaus ocupa uma posição alarmante no cenário educacional brasileiro: é a capital com a menor proporção de pessoas na faixa etária de 25 anos ou mais com ensino superior completo. São apenas 19,8% da população, segundo os dados do Censo 2022, realizado pelo IBGE.
No Brasil, 93% da população é considerada alfabetizada. No Amazonas esse índice é ligeiramente superior, alcançando 93,06%. No entanto, a realidade do ensino superior no estado é preocupante: apenas 12,97% da população amazonense tem nível superior completo, um reflexo das desigualdades educacionais que persistem na região.
A baixa taxa de ensino superior no Amazonas é reflexo de diversos desafios estruturais, desde dificuldades logísticas até a falta de políticas públicas voltadas para a realidade da região. O professor e doutor Sérgio Freire explica como esses fatores impactam o acesso à universidade, principalmente para quem vive no interior do estado:
Além das barreiras geográficas, a questão socioeconômica também pesa na baixa presença de amazonenses no ensino superior. O custo de vida em Manaus e a falta de políticas de assistência estudantil eficazes dificultam a permanência dos alunos nas universidades. Sérgio Freire detalha esses desafios e sugere soluções para reverter esse cenário:
Outro dado alarmante do Censo 2022 é a desigualdade racial no acesso à educação superior. A proporção de pessoas negras com diploma universitário ainda é muito baixa, embora tenha aumentado significativamente nas últimas duas décadas. Entre 2000 e 2022, o número de negros com nível superior passou de 2,1% para 11,7%, enquanto entre brancos o aumento foi de 2,6 vezes, alcançando 25,8%.
Além disso, a população indígena enfrenta as maiores dificuldades. Apenas 8,6% dos indígenas de 25 anos ou mais têm nível superior, e a maioria não concluiu nem o ensino fundamental. No Amazonas, que concentra o maior número de comunidades indígenas do país, a participação dessas populações na educação superior segue muito baixa.