A Justiça Federal determina que os poderes municipal, estadual e federal, prestem informações sobre a efetividade de segunda dose da Pfizer, atualmente aplicada com um intervalo de tempo de 12 semanas, o equivalente a três meses entre as duas doses.
A decisão foi tomada com base em petição da Defensoria Pública do Amazonas que citou a preocupação com chegada da variante Delta do Brasil. Ministério da Saúde, também deve esclarecer se há manifestação da fabricante sobre eficácia da vacina com o atual intervalo utilizado.
A titular da 1ª Vara do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Jaiza Fraxe, assina a decisão.
A magistrada entendeu pertinente a ação da Defensoria, e que as questões levantadas garantem informação ampla e transparente para a sociedade, já que os entes federativos não respeitam o intervalo de aplicação recomendado pela própria bula do fármaco, que é de 21 dias.
O defensor público, Rafael Barbosa, diz que a Defensoria observa a necessidade de se garantir uma maior proteção da população, evitando uma nova onda do vírus, ainda mais devastadora:
“A Defensoria descobriu que o Reino Unido, que era o único país administrando a vacina com esse intervalo além do sugerido pelo fabricante, já estava avaliando reduzir o tempo entre as doses por conta da variante Delta. Então, levantou um alerta na Defensoria, pois a variante já circula no país”, afirmou o defensor.
A pedido da Defensoria, em sua decisão a magistrada menciona uma série de questionamentos à Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS/AM) e à Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (Semsa), entre estes: se existe a possibilidade efetiva de garantir a aplicação da segunda dose da Pfizer e também se em Manaus houve alguma modificação na dinâmica da programação de distribuições das doses da vacina Pfizer, ou de outro imunizante.
Na avaliação do médico infectologista, Nelson Barbosa, a melhor solução para o estado seria completar a segunda dose, mas, faz ressalvas:
“É claro que reduzindo [o tempo], por exemplo, AstraZeneca, pode ser feita entre 25 a 45 dias, não são necessários os três meses. Com relação à Pfizer, pode-se se antecipar a aplicação, seria interessante pois evitaríamos possíveis aparecimentos de novas cepas do vírus” concluiu o infectologista.
A Sociedade Brasileira de Imunizações e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) emitiram nessa semana uma nota técnica conjunta em que se posicionam contra a decisão de reduzir de 12 para oito semanas o intervalo entre as doses das vacinas AstraZeneca e Pfizer.
A nota se contrapõe à decisão de estados e municípios que tomaram a decisão como resposta à chegada da variante Delta ao país.
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Reportagem: Ricardo Chaves
Foto: Divulgação/Internet