Em menos de três meses, o Laboratório de Mamíferos Aquáticos do Inpa recebe o sétimo filhote de peixe-boi da Amazônia. O número deixa os pesquisadores do projeto Peixe-boi preocupados, pois, por ano a média de recebimento no Inpa é de 15 filhotes.
Os animais vieram de vários municípios do Amazonas e arredores da capital, e foram encontrados emalhados ou boiando próximo à beira do rio.
O último peixe-boi chegou no dia 21 de abril, da Comunidade São José I, ramal Umirituba. O filhote foi encontrado entrelaçado em uma malha de pesca.
A caça ilegal é proibida por lei e ainda é um dos principais motivos dos resgates, de acordo com o Inpa.
Segundo a pesquisadora Vera da Silva “o peixe-boi ainda é uma espécie em perigo de extinção, e a caça predatória ainda ocorre na região amazônica”. Ela completou que “os caçadores matam a mãe; e o filhote não tem como se alimentar porque é uma espécie que mama até os dois anos de idade”.
Os pesquisadores ressaltam que os órgãos ambientais que realizam o resgate devem ser acionados apenas quando o filhote apresenta sinais graves, como magreza extrema, ossos expostos ou ferimentos profundos.
Nessas situações, é imprescindível acionar os órgãos como, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Polícia Ambiental do Amazonas e as Secretarias de Meio Ambiente dos municípios.
O Projeto Peixe-boi é executado pelo Instituto de Pesquisas da Amazônia, Inpa, em parceria com a Associação Amigos de Peixe-boi, Ampa; com apoio do SeaWorld por meio do Fundo de Conservação do SeaWorld & Busch Gardens.
Histórico de chegada dos animais
Uma fêmea chegou no dia 31 de janeiro, encontrada sozinha em uma região de intensa caça, o que levanta a hipótese de que a mãe tenha sido caçada. Trata-se de um filhote com aproximadamente três meses de idade.
No dia 7 de março, um macho foi avistado boiando sozinho em Urucará. A situação remete a um cenário similar, típico de áreas onde a caça de peixe-boi é frequente, sugerindo também a perda de sua mãe.
Após cinco dias, no dia 12 de março, um filhote macho trazido da comunidade de Santa Rosa, em Manaus, foi resgatado. Encontrado sozinho, o animal apresentava sinais de debilidade, possivelmente por ter se perdido da mãe, supõem os pesquisadores.
No dia 24 de março, outro filhote macho chegou do município de Borba em bom estado. “Provavelmente, a mãe estava no local, porque não é uma área de caça intensa, mas a separação pode ter ocorrido durante a tentativa de socorro por parte da comunidade local”, explica d´Affonseca.
No dia seguinte, 25 de março, um novo macho foi encontrado no Porto do Cimento, na colônia Oliveira Machado, em Manaus, apresentando boas condições físicas.
No dia 26, um filhote de Parintins chegou aparentemente saudável, mas foi resgatado em uma região de alta incidência de caça, o que sugere que sua mãe possivelmente foi vítima da caça ilegal.