A adolescência sempre foi um período de transformações intensas, mas, na era digital, os desafios enfrentados pelos jovens ganharam novas camadas de complexidade.
A série da Netflix “Adolescência”, que atingiu recorde de audiência no Brasil, coloca um holofote sobre essa realidade ao narrar a história de Jamie Miller, um garoto de 13 anos acusado de assassinar brutalmente uma colega da mesma idade.
O drama não busca respostas simples, mas provoca reflexões profundas sobre o impacto das redes sociais, a fragilidade das relações familiares e os desafios da escola na mediação de conflitos.
A supervisão da vida digital dos adolescentes é um dos pontos centrais dessa discussão. Cleonice Tribuzy, avó e responsável pelo jovem Pedro Henrique, de 15 anos, acredita que acompanhar de perto a rotina online do neto não significa falta de confiança, mas sim um cuidado necessário diante dos perigos que a internet pode esconder.
Para entender melhor os dilemas da juventude na atualidade, conversamos com Letícia Malveira, psicóloga-especialista em crianças e adolescentes, sobre os riscos da hiperconectividade, os sinais de alerta para pais e educadores e como a sociedade pode atuar para evitar que tragédias como essa deixem de ser apenas ficção.
A psicóloga destaca que o ideal é que esse monitoramento aconteça de forma equilibrada, sem imposições rígidas, mas sim por meio de uma relação de confiança e diálogo aberto entre pais e filhos.
Quando o assunto é estabelecer limites, Letícia ressalta que adolescentes costumam aceitar melhor as regras quando participam do processo de definição e que os pais, ao exigirem determinados comportamentos dos filhos, também precisam dar exemplos à altura das expectativas:
Diante da complexidade dos desafios da adolescência na era digital, o caminho passa pelo equilíbrio: monitoramento sem vigilância excessiva, regras sem autoritarismo e diálogo constante para que os jovens se sintam ouvidos e protegidos.
Por Vitória Freire.