Facção criminosa de São Paulo atua desde 2015 em garimpo na terra Yanomami, aponta estudo

Uma facção de São Paulo (Primeiro Comando da Capital – PCC) atua desde 2015 em garimpos ilegais na Terra Indígena Yanomami, no Amazonas e Roraima.

A informação é do estudo “Cartografias da violência na Amazônia”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Os pesquisadores responsáveis pelo estudo entrevistaram membros de organizações criminosas que atuam no garimpo ilegal.

Os relatos indicam que uma empresária influente havia contratado membros de facções como seguranças, o que teria iniciado a presença desses grupos ao longo do rio Uraricoera, em Roraima.

O envolvimento das facções com o garimpo ilegal passou a ser confirmado em 2021 após aumento da movimentação de minérios ilegais e ocorrências em que grupos fortemente armados passaram a entrar em confronto com as forças policiais, comportamento que não era usual dos garimpeiros.

A morte de um membro da facção paulista, Sandro Moraes de Carvalho, de 29 anos, confirmou essa hipótese. Entrevistas realizadas em 2024 com pessoas ligadas a Sandro trouxeram novas informações sobre as atividades criminosas no território.

Um dos entrevistados, de 21 anos, contou que se juntou ao grupo dos “bandidos” aos 13 anos, levado por um tio que vendia crack na Terra Indígena. Ele relatou a rigidez do trabalho sob ameaça armada, treinamentos com armas de grosso calibre, confrontos com facções rivais que levava ao aparecimento de corpos boiando no rio Uraricoera.

O entrevistado informou que “o rio Uraricoera é o ninho da Comando (PCC) [em Roraima].”

O levantamento aponta ainda que garimpeiros e garimpeiras relataram ser impossível trabalhar atualmente na terra indígena devido às operações de fiscalização, o que leva muitos
a tentarem a sorte na Guiana e no Suriname.

Conforme o levantamento, 260 municípios da Amazônia Legal estão sob influência de facções criminosas. Em Roraima, elas estão presentes em 14 dos 15 municípios do Estado.

No Amazonas, as facções estão presentes em 22 dos 62 municípios. Em cinco há disputas entre facções, entre eles o município de São Gabriel da Cachoeira, que tem parte da Terra Yanomami no seu território.

Da redação.

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