Reportagem: Mauricio Max
O saneamento básico de Manaus ainda é um grande desafio enfrentado pelo poder público há anos.
O ranking do Instituto Trata Brasil divulgado em 2024 ilustra o atraso da maior capital da Amazônia, rodeada pela maior bacia hidrográfica do mundo.
Manaus está entre as 20 cidades com o pior desempenho em saneamento no país. Dado que impacta toda a população, mas afeta de forma mais intensa quem vive nas 236 favelas e comunidades urbanas na cidade.
Cerca de 1,2 milhões de pessoas vivem nessas condições atualmente, segundo o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022.
A presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, afirma que o avanço do saneamento em Manaus tem ganhado destaque, mas a rede de esgoto ainda é um peso para pontuações negativas no ranking.
Do ano de 2019 para 2023, Manaus subiu 10 posições no ranking do Trata Brasil, saindo da 96ª para a 86ª posição, sob a gestão da concessionária Águas de Manaus, do grupo Aegea Saneamento, que atua desde 2018 na capital.
Além disso, o acesso à água potável em Manaus está universalizado.
No entanto, a cobertura de esgoto é de 26% em 2022, número relativamente baixo para uma população de 2,2 milhões de habitantes.
Para Luana Pretto, o principal fator que contribui para esta condição é a falta de investimento ao longo dos últimos anos.
O abastecimento de água em Manaus é gerido pela iniciativa privada desde o ano 2000, na gestão do então prefeito Alfredo Nascimento. O controle do setor ficou sob responsabilidade da empresa Águas do Amazonas até 2012.
Depois, a empresa Manaus Ambiental, que pertencia ao mesmo grupo anterior e teve mudanças empresariais, assumiu o comando até 2018, antes da mudança para a Águas de Manaus.
Em 18 anos, a cobertura da rede de esgoto avançou apenas de 5 para 12% ao longo do período.
De lá pra cá, diversas cobranças são feitas em relação ao serviço prestado na cidade.
A Águas de Manaus, por sua vez, destaca que tem investido pesado no saneamento desde o início da gestão, há seis anos.
De acordo com a empresa, o ano deve ser fechado com investimento de R$ 355 mi em ações na cidade. O gerente de responsabilidade social da Águas de Manaus, Semy Ferraz, afirma que a empresa tem atuado de maneira gradativa na cidade:
Segundo o Trata Brasil, o investimento médio em saneamento por habitante em Manaus é de R$ 115,66, superior à média nacional de R$ 111,44.
O instituto afirma que o número indica tendência de melhora nos indicadores nos próximos anos.
O marco do saneamento de 2020 estabelece que a 99% da população tenha acesso ao abastecimento de água tratada até 2033 e ampliar a coleta e o tratamento de esgoto para 90% da população no mesmo prazo.
Com vasta carreira na política, atuação ativa em causas ambientais e também com passagens em pastas de gestões importantes de governantes no Amazonas, Luiz Castro pontua que as metas estabelecidas estão muito longas e precisam ser reduzidas para resultados e investimentos mais próximos da realidade.
O político também afirma que um planejamento integrado precisa ser realizado com o poder público, empresa privada e população para haver menos despejo de lixo em igarapés.
A coleta de lixo, também parte do saneamento básico, é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana. De acordo com informações divulgadas pela pasta, ecobarreiras instaladas na cidade neste ano evitam a chegada de lixo até os rios.
A pasta também divulgou um balanço recente da redução de coleta de retira de lixo de orlas de 700 toneladas para 221 toneladas.
Confira a continuação desta reportagem:
Especial Saneamento: o presente e o futuro das periferias de Manaus – Parte II
Exibição no jornal BandNews Amazônia 1ª Edição: