Reportagem: Jefferson Ramos.
54% dos vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM) integram a bancada evangélica da Casa. Denominado de Frente Parlamentar Cristã (Fepacri), o grupo é composto por quase 22 vereadores.
A frente é formada por vereadores que integram a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), Assembleia de Deus no Amazonas (Ieadam), Ministério Internacional da Restauração (Mir), Nova Igreja Batista e de outras denominações, como da Igreja Católica Romana.
A maioria desses parlamentares pretende disputar a reeleição.
Apesar do esvaziamento da base de apoio, metade dessa bancada ainda apoia David Almeida, primeiro evangélico a governar Manaus. Almeida é adventista. O líder dele na Casa legislativa é o vereador Eduardo Alfaia (PMN), pastor da Assembleia de Deus de Madureira. A frente é presidida pelo vereador João Carlos (Republicanos), pastor da Iurd.
O professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), sociólogo Marcelo Seráfco, explica que o estado é laico e que a religião não deve influenciar a criação de políticas públicas:
Em maio de 2021, os vereadores de Manaus aprovaram um Projeto de Decreto Legislativo (PDL), de autoria do vereador Marcel Alexandre (Avante), que derrubou a resolução n° 91/2020 do Conselho Municipal de Educação (CME) que pretendia incluir no currículo de ensino municipal a discussão de relações étnico-raciais, diversidade sexual, gênero e diversidade religiosa.
Parte da CMM, especialmente, vereadores ligados a igrejas evangélicas entenderam que a diversidade de gênero nas escolas municipais como tema transversal é desrespeitoso e fere os limites da educação. Em sessão de março de 2021, vereadores citaram ideologia de gênero, cristianismo ou até não ser contra homossexuais para frear a resolução.
O cientista político Breno Rodrigo avalia que a representação de igrejas evangélicas na Câmara Municipal é natural e do jogo democrático:
Pesquisa realizada pelo instituto Datafolha em 2020, indicou que 31% da população brasileira se declarava evangélica, uma tendência que demonstra que o país vive um êxodo religioso, deixando de ser de maioria católica.