Por Cindy Lopes.
Moradias construídas em áreas impróprias, descarte irregular de lixo e a sobrecarga de sistemas de drenagem da água da chuva devido às ligações clandestinas são apontadas como as principais causas de deslizamentos em Manaus.
Segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), a capital tem 600 áreas consideradas de risco. Dentre elas, 90 são de alto risco.
Especialistas apontam que a cidade enfrenta muitos desafios devido ao crescimento urbano desordenado e a carência de políticas públicas.
Manaus é a capital brasileira que mais cresceu em população desde 2010. De acordo com o Censo 2022 do IBGE, a cidade ganhou, em média, 17 mil novos moradores, por ano, na última década.
Esse rápido aumento populacional, porém, ocorreu sem o devido planejamento urbano, resultando na ampliação de áreas vulneráveis.
O doutor em geografia humana e professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Marcos Castro de Lima, explica que o crescimento demográfico está diretamente relacionado à expansão dessas regiões vulneráveis:
No último fim de semana, o desmoronamento de um barranco sobre uma casa no bairro Redenção causou a morte de duas pessoas: Jeferson Araújo Pereira, de 32 anos, e a filha dele, Ester Amorin, de 8.
Segundo a Prefeitura, uma ligação clandestina na tubulação de água pode ter causado o deslizamento de terra.
Uma semana antes, a queda de um barranco destruiu totalmente duas casas no bairro Mauazinho, zona leste de Manaus, em meio às fortes chuvas que atingiram a capital.
Em março de 2023, oito pessoas morreram soterradas durante um deslizamento de terra que atingiu 9 moradias no bairro Jorge Teixeira, também na zona leste
Segundo o vice-prefeito e secretário de Infraestrura e Obras, Renato Junior, Manaus tem 600 pontos em áreas de risco e os desafios para conter a situação são muitos.
Dados divulgados pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) apontam que Manaus é a cidade brasileira com maior número de alertas de desastres emitidos em 2024.
O geógrafo e mestre em Ecologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Carlos Durigan, reitera que fenômenos como o La Niña, que contribui para mais chuvas na região, e a ausência de políticas públicas, colaboram para Manaus estar no topo do ranking negativo.
Para os próximos anos, a prefeitura prevê um investimento de cerca de R$ 65 milhões em outras 13 áreas críticas previamente mapeadas nos bairros do Mauazinho, Gilberto Mestrinho, Nova Floresta, Jorge Teixeira, Cidade Nova, Nova Cidade, Petrópolis e Cidade de Deus.