No auge da pandemia de COVID-19, o Amazonas viveu dias de angústia, com hospitais colapsados e uma crise de oxigênio. Em meio a esse caos, muitos amazonenses, como o personagem fictício Bola, perderam a capacidade de rir. O curta-metragem ´Ri, Bola´, do roteirista e diretor Diego Bauer, narra a história de um homem que, após o trauma da pandemia, vê sua risada peculiar desaparecer. Agora, o filme, com sua sensível reflexão sobre os efeitos da crise, está confirmado na mostra competitiva principal do 71º Festival Internacional de Curtas de Oberhausen, na Alemanha, que ocorrerá entre 29 de abril e 4 de maio.
Rodado de forma independente em 2023 pela Artrupe Produções, ‘Ri, Bola’ tem 11 minutos de duração e um elenco formado por Wermon Stattos, Isabela Catão, Daniel Ferrat, Robson Ney e Andreza Afroamazônica. A trama acompanha a jornada de um homem em busca de sua risada perdida, em um roteiro que mistura drama e humor para refletir sobre os impactos da pandemia.
Sem grandes financiamentos, o curta foi viabilizado pelo esforço coletivo e pela parceria entre artistas do cenário amazonense. Para Diego Bauer, produzir cinema no Norte do Brasil sempre impõe desafios, mas também permite a criação de narrativas genuínas e potentes. Ele fala sobre as dificuldades e conquistas desse processo:
A produção acompanha a amizade entre ator Felipe Maya, o Bola e o fotógrafo César Nogueira, que é quem tentará resgatar o riso do companheiro. A seleção do filme para o 71º Festival Internacional de Curtas de Oberhausen insere a produção amazonense em um dos espaços mais relevantes do cinema europeu.
Fundado em 1954, o Festival de Oberhausen é o mais antigo do mundo dedicado exclusivamente a curtas-metragens e se consolidou como um dos principais palcos do cinema europeu, conhecido por impulsionar narrativas experimentais e inovadoras. Foi nesse evento que cineastas como Martin Scorsese, diretor de Taxi Driver, Os Bons Companheiros e O Irlandês, e Werner Herzog, responsável por O Homem Urso, Fitzcarraldo e Aguirre, a Cólera dos Deuses, apresentaram trabalhos no início de suas trajetórias.
Mantendo essa tradição, o festival continua a ser um espaço de descoberta para novas estéticas e abordagens cinematográficas.
À rádio BandNews Difusora FM, Diego Bauer defende que a presença do curta na mostra competitiva principal não é apenas um reconhecimento do seu trabalho, mas também um reflexo do amadurecimento do cinema amazonense. Ele comenta sobre a importância dessa seleção:
O curta-metragem, junto com a produção baiana O Amor não Cabe na Sala, é um dos dois únicos representantes brasileiros na competição.
Por Vitória Freire.