As vendas de antidepressivos e estabilizadores de humor apresentam aumento de 31% no Amazonas, entre janeiro e maio de 2021, comparado ao mesmo período do ano anterior.
É o que mostra um levantamento feito pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF).
Durante o período, mais de 1.690.000 cápsulas ou comprimidos desse tipo de medicamento foram vendidos no estado.
O dono de farmácia, Bryan Oliveira, confirma o aumento na procura dos medicamentos:
“Houve uma demanda maior, principalmente para ansiedade e insônia. Muitas pessoas se queixam destes problemas e vem atrás de medicamentos controlados receitados pelos médicos, como o rivotril, quetiapina e outros”
Para o Professor Sérgio Sócrates, que é coordenador Laboratório de Psicopatologia Sujeito e Singularidade da Faculdade de Psicologia da Ufam, a pandemia do coronavírus é um dos principais fatores para a elevação no consumo de antidepressivos:
“A pandemia mobilizou um dos afetos mais primitivos da condição humana, o medo. Especialmente na cidade de Manaus, em decorrência dos dois colapsos, em que havia falta de leitos, falta de oxigênio, essa condição humana, o medo, foi levado ao extremo”, disse o professor.
O Amazonas é um dos estados que liderou as compras desses medicamentos durante a pandemia.
A professora Sofia Leide conta que, com o isolamento causado pela crise sanitária, sentiu uma piora no seu quadro de saúde mental:
“Eu já fazia tratamento terapêutico há alguns anos para ansiedade e depressão, mas com o começo da pandemia os sintomas se agravam bastante e chegou um ponto em que só a terapia não bastava. Então, decidi aderir ao uso dos remédios”, disse
O professor Sérgio Sócrates lembra que o consumo de antidepressivos já estava se elevando mesmo antes da Covid-19 e o uso dos remédios deve ser feito com cuidado:
“É preciso levar em consideração que vivemos em uma sociedade marcada pela medicalização da vida. Esse é um fenômeno que parte do pressuposto de que para tudo tem remédio. Além disso, a questão da automedicação através de fontes de informação da internet colabora para este dado. Deve-se pensar na singularidade de cada vida, saber se realmente é necessário. Porque o encontro com a droga pode ser muito mais nefasto do que se imagina”, concluiu.
O aumento de 31% nas vendas de medicamentos para depressão e ansiolíticos no Amazonas, ficou acima da média nacional, que foi de 13% em 2021.
Nas vendas de antidepressivos e ansiolíticos, o estado ficou atrás apenas do Acre, que teve o maior aumento no consumo, com 44%, e Alagoas, que elevou em 34%.
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