Reportagem: Bianca Gloria.
Mais de mil crianças indígenas menores de quatro anos perderam a vida por conta de doenças tratáveis. As mortes aumentaram 24,5% em 2023, em comparação ao ano anterior, quando houve 835 mortes.
O Amazonas lidera o número de mortes de crianças indígenas, com 295 casos, seguido por Roraima com 179 e Mato Grosso com 124.
As principais causas foram gripe e pneumonia, diarreia, gastroenterite, doenças infecciosas intestinais e desnutrição.
As informações são do relatório “Violência contra os Povos Indígenas no Brasil” do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), divulgado na última semana.
O documento aponta que o aumento traz dados preocupantes, que podem representar uma linha de violência crônica contra os indígenas.
Roberto Liebgott, membro da equipe de análise do relatório do Cimi, afirma que essas doenças estão vinculadas a degradação ambiental, a falta de saneamento básico e a falta de ações preventivas em saúde.(Ouça)
No ano passado, um caso que chamou atenção internacional com fotos chocantes, foi a morte de 365 indígenas no território yanomani por conta de desnutrição e malária.
Liebgott também expõe a falta de priorização de políticas de saúde, na qual faltam profissionais, equipamentos e formas de locomoção de pacientes nas comunidades.(Ouça)
A taxa de mortalidade das crianças de até quatro anos entre indígenas no Brasil é mais que o dobro do restante da população infantil não indígena do país, de acordo com dados do relatório do Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI).
Em 2022, para cada mil nascidos vivos entre os indígenas, 34,7 crianças com até quatro anos morreram.
É uma taxa 2,44 vezes maior do que a registrada entre o restante da população brasileira.