Reportagem: Bianca Gloria.
O Amazonas lidera o número de suicídios entre indígenas em todo o Brasil, com 66 casos no ano passado, seguido por Mato Grosso do Sul com 37 e Roraima 19.
Foram registrados 180 suicídios entre indígenas no Brasil em 2023, um aumento de 56% em comparação aos 115 casos registrados em 2022.
Os dados são do relatório divulgado na última semana pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), vinculado à Igreja Católica.
O aumento mostra uma crise de saúde mental entre os indígenas, sendo um indicativo da crescente vulnerabilidade das comunidades.
O membro da equipe de análise do relatório do Cimi, Roberto Liebgott, afirma que alguns fatores para o aumento dos suicídios inclui a demarcação de terras e a vida reclusa em comunidade.(Ouça)
Joede Sateré-Mawé, coordenador da Articulação das Organizações e Povos indígenas do Amazonas – APIAM, destaca a importância de trabalhar a saúde mental de forma preventiva.(Ouça)
Joede também fala que um dos fatores que impactam na saúde mental dos jovens indígenas é a pressão para se adaptar às mudanças influenciadas pelo estilo de vida fora das aldeias.
Segundo o especialista, a implementação de políticas de proteção territorial e a melhoria no acesso à saúde e educação são medidas essenciais para reverter esse cenário de crise.
A maior parte dos suicídios (69,4%) ocorreu entre homens indígenas. Embora a maioria das vítimas (112) tenha idade entre 20 e 59 anos, destaca-se a alta incidência de suicídios entre jovens indígenas.
Em 2023, 59 indígenas com até 19 anos cometeram suicídio, representando mais de um terço do total de casos registrados no ano.